Morreu Fernando Lima Bello, um dos fundadores da Academia Olímpica de Portugal

Membro honorário do Comité Olímpico Internacional (COI) e antigo presidente do Comité Olímpico de Portugal, morreu esta quinta-feira, 3 de junho, Fernando Lima Bello, velejador com participação como atleta em duas edições dos Jogos Olímpicos.

Ainda longe de pensar na formação universitária em Engenharia, que viria a exercer também como profissão, Lima Bello, nascido em 1931, tinha ainda 12 anos e frequentava o 2.º ano do liceu quando se iniciou na prática da vela. A modalidade tinha já tradição na família e correspondia melhor do que qualquer outra às características físicas do jovem estudante. A partir daí, a dedicação ao desporto começou a dar resultados e em 1953, com 21 anos, sagrou-se campeão do mundo na classe de Snipe. Cruzando várias classes da vela, Lima Bello foi ainda vice-campeão europeu em Star e campeão nacional em Sharpie 12 metros (entre outras classes), mas seria no Dragão que registaria participação olímpica, nos Jogos de México-1968 (17.º, com António Melo e Menezes e António Sarafana) e Munique-1972 (21.º, com Mário Quina e Francisco Quina).

Em 1975 foi eleito presidente da Federação Portuguesa de Vela. Nessa condição passou a fazer parte do então chamado Comité Olímpico Português (COP), tendo sido nomeado chefe da missão portuguesa aos Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980. No ano seguinte seria eleito presidente do COP, cargo que haveria de exercer durante oito anos, passando em 1989 a integrar o Comité Olímpico Internacional (até 2009).

Foi durante os mandatos de Fernando Lima Bello como presidente do COP e com forte empenho da sua parte que foi criada, em 1986, a Academia Olímpica Portuguesa (AOP, rebatizada em 1992 para a designação atual de Academia Olímpica de Portugal). Em depoimento gravado em janeiro de 2020 para a sessão de apresentação do livro dos 30 anos da AOP, Lima Bello lembrava o seu papel nos primeiros tempos dessa nova entidade do Movimento Olímpico em Portugal: «Passei a viajar muito, a procurar autarquias tanto para organizar sessões da Academia como para organizar o Dia Olímpico. Para passar pelo país todo... espalhar esta mensagem.»

Para Lima Bello, a cultura, a educação e os valores foram eixos importantes da sua intervenção como dirigente olímpico, tanto no âmbito nacional como no plano internacional, tendo sido nomeado comissário do pavilhão do COI na Expo-98, em Lisboa.

Fernando Lima Bello desaparece aos 89 anos, após uma vida de longa dedicação ao desporto e ao Olimpismo, que serviu com empenho e permanente atenção até final.

A Academia Olímpica de Portugal expressa sentidas condolências à família de Fernando Lima Bello, curvando-se à memória deste seu membro sempre presente, disponível e interventivo.